Eu sou a filha selvagem da minha mãe.⠀
Nos caminhos que ela não pôde percorrer⠀
Transito cautelosa⠀
deixando pegadas marcadas na terra para aquelas que virão.⠀
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Desvirginando a mata densa de abusos, segredos, sangue e lágrimas,⠀
Me machucando nos espinhos,⠀
Reconhecendo a dor na carne,⠀
Experienciando o luto da alma,⠀
Me deparando com o invisível véu da retenção⠀
Escapo pelas bordas,⠀
Engano o comandante dessa nave desgovernada,⠀
Finjo demência⠀
Me faço de tola.⠀
Sou um personagem na bruxaria da sua versão subversiva.⠀
Suportando seu amargo sabor,⠀
Engrosso meu couro.⠀
Construo ali minha trajetória singela e magnânima.⠀
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Drops of gold.⠀
No conta-gotas adenso o caldo.⠀
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Reúno as minhas,⠀
Apuramos os sentidos⠀
Juntas⠀
Cintilamos nas revelações umas das outras,⠀
Reverberamos as vozes internas,⠀
Repetimos mantras,⠀
Recalculamos as rotas,⠀
Fortalecemos as intuições⠀
E seguimos simulando anuência⠀
Ao contrato velado que só nos maltrata.⠀
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Sou as escolhas que ela teve que abrir mão,⠀
os desafios que lhe foram limitados alimentam a minha alma.⠀
A sabedoria das minhas avós, revertida em fofoca, corrompida e adulterada⠀
Por covardes e amedrontadas vozes⠀
Brada alucinada dentro de mim.⠀
Sou a peça deforme.⠀
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Inadequada⠀
e imperfeita⠀
aquela que não se encaixa nesse jogo perverso.⠀
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Sou apenas o ensaio⠀
A transição, a transmutação, a metamorfose.⠀
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O spark.⠀
A faísca, a fagulha, o relâmpago e o lampejo.⠀
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A vertigem da esperança para a era da renovação.⠀
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Sou o futuro.⠀
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(We are the new dawn!)⠀
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Somos aurora,⠀
A alvorada dourada,⠀
O respiro da esperança,⠀
O princípio de tudo,⠀
A natureza bárbara,⠀
A indomesticada,⠀
A rebelde,⠀
A feroz,⠀
Somos a insubmissão!⠀
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Somos o MATRIARCADO.⠀
BEWARE, patriaracado.⠀
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YOUR TIME HAS COME.⠀
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RAISE YOUR HEAD, WOMAN.⠀
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AND MOVE ON.
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