top of page
Buscar
Foto do escritorJuliana Tokita

Perséfone mindfulness

Vou abrindo a porta para o reino das sombras

Descendo os degraus do submundo

Em alerta e fascinação


Digo adeus à jovem Coré


Visto agora o manto preto de Perséfone


Passos lentos

Olhos atentos


Observo o que jaz na monocromática escuridão


O lado soturno da psique aquilo que tanto me assusta

Agora canta


Sussurra juras em meu ouvido


Estranha música dissimulada e secreta

me envolve em teias pegajosas

Já não posso mais sair


Sou a Perséfone de Hades

A que vive entre a dor e o prazer

Entre a ordem e o caos

A baixeza e a grandeza

Entre a força e a debilidade

Sou o pêndulo


Temo ter aberto a porta tal qual Pandora e sua caixa


Liberar os demônios

E nunca mais encontrar o caminho de volta


A solidão fria me abraça

Um arrepio breve se espalha na pele


E nela, enfim, me reconheço

terrível ninfa da destruição

Da desconstrução

A que reside no inverno da alma

No retiro do eremita

Sou a morte antes da vida

O intervalo

A parada

O não agir


Sou a solitude na sanidade

O mal necessário

Vivo o escuro

Mas só por hoje.


Tudo é impermanência.


Me lembro da canção que minha avó cantava

E meu coração se acalma

Lembro-me bem que assim dizia:


"Que o sol há de brilhar mais uma vez

A luz há de chegar aos corações

O mal será queimada a semente

E o amor será eterno novamente…"


1 visualização

Posts recentes

Ver tudo

Muda⠀ ⠀

Post: Blog2_Post
bottom of page