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Foto do escritorJuliana Tokita

Qual é o poder que você tem?

Escrever é engraçado.

Na verdade, reconhecer seu talento é um processo engraçado.

Não engraçado de rachar o bico, de doer a barriga de rir, como uma reação à uma piada ou à um efeito humorístico, mas engraçado no sentido de interessante.

Vocês entendem?

Talvez eu esteja pensando em inglês, when we say something like "that´s funny" para descrever algo que, na verdade, é curioso...

Eu sempre gostei de escrever, mas nunca acreditei que podia. Ou que sabia. Ou que aquilo tinha algum valor.

Mas isso era (às vezes É) o que a minha mente autocrítica diz para mim mesma.

Sabe aquela voz que te traz pra realidade, que te impede de voar, de alçar um voo livre na onda da imaginação e se jogar no fluxo em que o Universo vai te presenteando? Aquele diabinho no ombro esquerdo. O super ego, a moral, os Outros, enfim, chame como quiser.

A voz da auto sabotagem mencionada no post anterior.

Mas hoje eu estou chamando isso de autocrítica.

Mas não é a mesma coisa?

I don´t think so.

Autocrítica diz respeito à nossa capacidade de criticar a nós mesmos. Auto sabotagem é o resultado dela.

Ela, a autocrítica, opera como um mecanismo de autocorreção. E isso não é de todo ruim.

Nós precisamos avaliar nossas escolhas, e atitudes, se foram ok ou se devemos nos precaver. Enfim, faz parte do processo de proteção individual. Se analisarmos friamente, a autocrítica serve como um método de aplicação científica pessoal.

Nas doutrina político-filosófica conhecida como marxismo-leninismo (de Marx e Lênin) a autocrítica serve a esse propósito. Ou seja, como exercício político de reflexão social no qual a realidade é questionada e confrontada em busca da verdade do aperfeiçoamento coletivo.

O objetivo é sempre melhorar. Avaliar. Pensar. Ponderar.

E isso é incrível!

Porém pode não ser também.

Depende da dose.

Overthinking é pesado - pensar demais nos congela, e cansa!

Voltamos sempre na sabedoria daquela singela e, no entanto, poderosíssima imagem da minha figurinha favorita do whatsapp: "um pouco de droga, um pouco de salada".

A salada é ótima.

Sem ela seu intestino não funciona direito.

Você não ingere os nutrientes necessários.

Come mais do que deveria.

You got the picture - você entendeu a ideia.

Mas comer só salada é bem chato, hein?!

Tem que jogar um bacon, uns crutôns, mandar ver no queijo, tomar um Merlot pra animar a refeição, sei lá...

O que eu quero dizer é que o segredo só é um, e para TUDO na vida, that is : EQUILÍBRIO.

A autocrítica nos protege, mas também nos paralisa.

Ela nos deixa amedrontados de sermos quem deveríamos ser em essência.

Tenho lido, escutado e pensado sobre isso.

Num documentário do Netflix chamado "Feministas: O que Elas Estavam Pensando?" - recomendadíssimo, perfeito, cinco estrelas, tudo pra mim, já vi umas 5 vezes - a Jane Fonda (badass, foda que eu admiro muitão) - fala de como ela lembra da menina que era quando criança. Ela diz que adorava brincar de Joana D´Arc. Ela gostava de explorar a natureza e fantasiava ser uma guerreira liderando exércitos.

Essa era a menina Fonda. Mas ela foi tendo que desaparecer quando a puberdade chegou. A partir daí - ninguém escapa - ela conta que começou a mudar.

Ela começou a tentar se adequar ao grupo para não ser motivo de piada.

O que isso significava?

Significava que a menina precisava se preocupar no que era ser mulher para aquelas pessoas - ou menina - naquele contexto. Ou seja, se vestir de tal modo, falar de certo jeito, se comportar assim-assado...

Daí qual o resultado?

Um certo apagamento daquela garotinha atrevida e vibrante que ela estava se tornando para deixar nascer uma menina agradável que todos admirariam.

Serviu a carapuça em você?

Não precisa ser menina pra saber que sim. O oposto é assustadoramente verídico.

Assim como eu descrevi em algum post anterior, eu também sempre fui uma menina meio "tameless" (tame: domar / -less: sem) ou seja: indomável. No sentido de ser audaciosa, ser sempre a líder da turma (ariana, né, mores?), a que falava o que pensava, que andava de bicicleta livre, leve e solta pela cidade (morávamos em José Bonifácio na década de 80 - tudo era possível), que brigava pelo que queria e defendia quem estava do meu lado. Mas daí vieram as vozes de fora dizendo que eu não poderia ser daquele jeito, que menina não se vestia daquele jeito e não podia falar "mijar", por exemplo, tinha que falar "fazer xixi" ou " ir ao banheiro".

- Lembrei dessa repreensão que vivi quando criança há pouco tempo e o que me veio na cabeça foi pensar o porquê que meu amigo falava daquele jeito e nunca tinha recebido a mesma censura.

Anyways.

As vozes dos outros que ouvi tanto na puberdade e adolescência foram internalizadas em mim com louvor.

Nível hard.

Eu comecei a sempre duvidar de mim mesma.

Me questionar: seria isso apropriado?

Devo me segurar?

Não estou sendo muito exagerada?

O que é bom também - já disso isso lá em cima.

Mas daí volto pra metáfora da figurinha.

Essa autocrítica me entrevou, me imobilizou, me tolheu.

O pior - me fez duvidar de mim mesma.

Mesmo quando eu era elogiada por algo, como quando uma professora, do sexto ano, me disse que tinha certeza que eu me tornaria escritora quando crescesse eu duvidei da minha capacidade.

Aprendi a dizer pra mim mesma que eu nem era tão boa assim nas coisas que eu era REALMENTE boa.

Nem quando fui premiada pelas minhas poesias no Ensino Fundamental eu acreditava que sabia escrever.

E fui me perdendo da escrita.

Lia, sentia, me emocionava e até escrevia.

Mas nunca aquilo tinha valor.

Quem eu achava que era pra dizer algo sobre alguma coisa?

Fiquei perambulando no ser ou não ser.

Entrei no curso de letras e achei que ali seria meu lugar.

But not.

Lá eu aprendi que para escrever você deveria entender a palavra como um ofício. Deve-se seguir regras, moldá-la, existe a teoria X ou a linha de construção Y. Claro que estudei os poetas e escritores que produziam num estilo mais livre, mas como estudá-los? O sistema estrutural é brutal e avassalador.

A Visibilidade destes era restrita.

Eu lia coisas que nem entendia.

E só me achei como escritora na crítica literária acadêmica.

Mas ali eu não usava os instrumentos que me eram natural.

Eu não era criativa.

Era teórica.

Minha luz foi apagada com força e eu tentando navegar num mar desconhecido, tortuoso e obscuro.

A jornada foi, e é, longa.

Esse blog faz parte dela.

Um dos exercícios que tem de dado força para lembrar daquela menina obstinada que eu era - além de anos de terapia, conversas intermináveis com as minhas amigas, leituras, meditações e busca por auto-conhecimento, é o de ouvir o que as pessoas que me querem bem, me amam e estão perto de mim me dizem quando me elogiam.

Tenho tentado aprender a ouvir sem a voz da autocrítica me auto sabotar.

Ouvir e acreditar.

Eu tenho isso.

Sempre tive.

Essa sou eu.

As minhas palavras simbolizam o meu poder.

Eu sou professora há 15 anos, afinal de contas, oras!

Lembra de quem você é? De verdade?

De quem quer ser?

De quem queria ser antes de te dizerem que deveria ser de outra maneira?

Busca a tua alma.

Find your magic.

REPEAT.

É mantra.

Daí as coisas começam a reluzir.

De repente, não mais do que de re repente, você está brilhando.

Você está feliz em ser o seu melhor.

Você achou a sua criança interior, só que agora, melhorada.

Isso foi me dando confiança.

Hoje eu tenho um pouco mais de coragem em seguir aquilo que meu instinto natural me direciona.

Talvez esse post não faça sentido pra muita gente.

Eu percebo que as gerações mais jovens, principalmente as que vieram após os 2000, se sentem mais à vontade em ser eles mesmos.

Fico feliz com isso.

Os millennials não tiveram essa sorte.

Mas sempre há tempo para aprender.

Esse é (um) dos meus poderes.

A escrita.

Hoje celebro ela nesse blog que começou com um propósito

e se tornou um espaço virtual e bastante público de confessar minhas angústias.

Espero apenas que possa fazer sentido para alguns de vocês.

Quais são os seus poderes?

Você tem vários, eu tenho certeza absoluta.

Escuta a sua intuição.

E, se quiser, me chama no privado, adoro divagar.

Fiquem bem.

Muita luz e até a próxima.


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