Minhas cores eram o preto no branco
Transitava entre o sim e o não - Não me dobrava.
Era radical, tinha minhas opiniões.
- Não quero ser do seu jeito, minha construção foi árdua, só eu sei o que vivi -
Sabia quem era e não desejava mudar.
Na direção vertical seguia meu caminho linear, aprumado e endurecido.
Velejava num mar rígido, rijo, tenso, teso.
Caía, levantava, sacudia a poeira e seguia
Sem olhar pra trás.
Sempre em frente.
Mas não re-pensava.
Não ressignificava.
Não me ressentia.
Não me re-lacio-nava.
Vivia na batida comfortably numb.
Anestesiada pela rotina.
Até que tudo foi ficando ensosso, insípido, sem graça, fatigante, sufocante.
Voltei pra dentro e devagar fui caminhando naqueles desconhecidos lugares.
Espaços escuros
Casa do dissabor.
Nas minhas trevas viajei e percorri o penoso caminho da revelação.
Dias de lágrimas abriram janelas para a alvorada consciente.
Se antes era dura, hoje sou macia.
Se fui inflexível, hoje me dobro.
Me ajusto e me moldo ao tempo, aos contextos, aos abraços e aos momentos.
Não me importo se demora, há paciência em mim.
Hoje desenrolo nós com graça de movimentos.
Vou seguindo furtivamente e me deixando levar na mansa maré de seus dias.
Levemente me despeço da dureza de ser ou não ser.
Sou cinquenta tons de cinza e posso querer não ser também.
Vou seguindo a leve dança de aprender a reaprender a viver.
Flertando com os dias e brincando de olhares.
Vou vivendo minha vida num bailar de possibilidades.
Vou ser feliz com o que tenho, seja bem-vindo, sente-se, puxe uma cadeira, vamos conversar.
Qual é seu sonho?
O que te move?
Me conte tudo, sou curiosa.
Há tempo pra nós dois.
Segure a minha mão,
Estou aqui por você,
O mundo é lindo, vem ver.
Estou aqui, já te disse...
Você só precisa se entregar...
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