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Foto do escritorJuliana Tokita

TO BE ALONE VS. TO FEEL LONELY – Sobre se reconhecer só


Os escritos de hoje seguem a linha de raciocínio delineada pela maravilhosa Rita Von Hunty, em seu canal Tempero Drag, no vídeo “Amor na Pandemia – Parte I e II”.


Se tem uma coisa que a quarentena, em consequência, a pandemia tem feito é lançado luz na escuridão. Uma luz que tem um quê de incômoda. Isso porque ela ilumina os espaços obscuros que ficam inertes e esquecidos, são “varridos” para baixo do tapete, pelo simples motivo de que não queremos vê-los.

Nossa rotina é muito corrida, “não tenho agenda, o horário não permite espaço, não me sobra tempo para nada” (eu sou a rainha dessas frases clichês da “ocupadona” do rolê)... Vamos seguindo o bailar do dia a dia sabendo que o elefante está ali na sala. Mas quando acuados pelas nossas dores, rapidamente nos aparelhamos de razões e afazeres, nos escondendo atrás das justificativas para não lidar com aqueles fantasmas que moram ali – dentro de você.

Daí vem o “isolamento” social e pá!

É, parece que você terá que ficar consigo mesma um tempinho, hein ...

Você desvia a atenção em um dia...

Se ocupa em assar bolos no outro.

Arruma a gaveta de meias.

Organiza o armário de temperos.

Lê uns livros...

Daí começa. Já fica difícil escapar.

O espaço se alarga e a luz começa a ganhar força.

Você começa a examinar suas escolhas. Pensar na vida. Lembrar de como era o tudo, incluindo você, quando o mundo era normal.

Por que eu agi assim? E não fiz aquela escolha...

Deixei aquilo escapar.

Meu medo. MeuS medoS.

A gente ganha um olhar distanciado das coisas. Parece que ficam mais claras - não menos dolorosas.


Na quarentena estive comigo.

(ainda estou)


Entender que sou SÓ foi (ou melhor, está sendo) uma percepção de extrema dor. E liberdade.

A solidão. A solitude. To be lonely. Or to be alone?



Como professora sempre estive cercada de companhia. Pessoas por toda parte, toda hora e em qualquer lugar. A blessing and a curse – uma benção e uma maldição. Nos suga a energia, mas também nos enche dela – é um lance bem doido.

E essa tem sido, também, uma das minhas frequentes queixas na quarentena...

- Sinto falta de convívio social! Help! Sala de aula, sala dos professores, mesas de bar, rodas de conversas... cadê vocês?!

Aqui entre nós: podemos confessar que bate papo virtual NÃO É A MESMA COISA.

Obrigada.

Enfim...

Rita Von Hunty nos citados vídeos, faz uma reflexão sobre o amor na pandemia, desde o sentido mais amplo da palavra, de compaixão ou do aspecto moral e ético.

Estamos sendo confrontados com diversos cenários lamentáveis que nos mostra como estamos carentes de empatia uns com os outros.

Mas Rita foca, especialmente, na perspectiva romântica do amor. Principalmente em época de relações permeadas por nossos “black mirrors”, nossos aparelhos de telas pretas, que nos conectam via aplicativos de relacionamento com aqueles que podem vir a ser objetos do nosso desejo.

Sabiamente, Rita vai fazendo um raciocínio bem claro mostrando como e porque as relações permeadas por esses aplicativos acabam, quase que unanimemente, em frustração.

Mencionando Lyotard, quando ele fala da “Condição Pós-Moderna”, Rita argumenta que uma das razões pelas quais não conseguimos avançar nessas relações líquidas, mencionando aqui Zygmunt Bauman, é justamente pelo fato de que nesse momento essas relações só conseguem ser conduzidas pelo precioso e delicado fio da comunicação.

Da fala. Do discurso. Da narrativa. Do diálogo.

Como fazer isso acontecer quando vivemos JUSTAMENTE O MOMENTO DA FALÊNCIA DISCURSIVA?

O que nos resta, na pandemia, é OU enfrentar a labuta penosa da convivência limitada junto daqueles que convivem conosco nos confins das paredes das nossas casas OU estar sós.

Bom, além desses, podemos SIM tentar alimentar as relações à distância e talvez - para quem é solteiro - conhecer novas pessoas virtualmente – E TENTAMOS, né, solteiros?

Sustentar relações, criar laços – que podem ou não serem duradouros - na pandemia por meio da narrativa, do diálogo, do discurso ou da troca de ideias... parece que não vai dar muito certo né? Lembramos que não há a possibilidade do encontro, portanto, não existe a oportunidade de mostrarmos nossas tão ousadas armas de sedução...

Conseguimos, assim, construir novas relações num mundo em que a comunicação pode ser praticamente toda ilustrada por figurinhas? Emoticons? Gifs? Fotos cheias de filtros?

O NÃO já chega sem surpresa.

Voltamos a ficar com aquela segunda opção que foi mencionada anteriormente...

Quando não estou com aqueles que dividem o espaço doméstico comigo ou tentando, e falhando miseravelmente, estabelecer novas (e até velhas) relações com os que estão distantes, o que me sobra, no fim, é estar comigo.

Estar só.

O que é diferente de sentir-se só.

To be alone vs. To feel lonely.

Sim, to be alone, ou estar só, tem no seu pacote, de brinde, to feel lonely. Mas o primeiro não deve ser tão ameaçador do que o segundo. Muito pelo contrário!

Como disse no início, estar só é libertador.

Estive em contato com a minha solidão nessa quarentena. Primeiro, fiquei solitária, me senti lonely. Doeu pacas! Chorei um monte! AH, que dor, meu DEOS!

Daí comecei a encontrar espaços nessa liberdade, entender que eu sou sozinha mesmo. Ninguém depende de mim. E nem deve. Nem eu deles. UFA! Um peso se dissolveu nas minhas costas.

Eu AMO as pessoas e continuo craving (desejando) convívio social.

Mas entendo que devo estar com pessoas, e elas comigo, para compartilhar – seja o que for. E não porque eu PRECISO de alguém.

Eu não preciso. De ninguém. Mesmo!

Nem da minha família.

Não estou reduzindo meu amor pela minha família, quem me conhece sabe que eles são meus cristais preciosos!

Mas eu não preciso deles e eles não devem precisar de mim. Estamos aqui uns pelos outros, mas eu existo à parte deles, e vice-versa.

Esse foi um exemplo.

As religiões orientais apresentam essa realidade de maneira bem confortante, talvez por isso me apego tanto ao Budismo. Precisamos aceitar a: 1) ficar triste e 2) ficar/estar só.

Estar só me possibilitou estudar mais o que eu gosto, entender qual é a melhor metodologia de organização pra mim, voltar a cozinhar, ter plantas em casa, escrever, fazer rituais energéticos – tudo coisa de exotérica/bruxa/meio doida, mas que adoooro. Enfim, me permitiu desfrutar da minha própria companhia!

E quão engrandecedor é isso?

Dá vontade de sair gritando e dizendo para as pessoas: fiquem sós! Curtam vocês! Olhem para dentro!

Já que não dá pra sair, né? #stayhome, please. Faço esse apelo por aqui mesmo.

Aprecie a sua presença. Todo momento. É delicioso. Esteja com você. Te escute. Vai ser difícil, mas vale a pena. E, sim, é preciso. As coisas ficam mais leves e a gente se respeita mais.

LIBERDADE.

Você é única coisa de que realmente precisa. AME sua presença. Afinal, vamos conviver conosco um bom tempo, eu espero rsrs, e até o fim, mesmo! Então, feliz relação contigo.

Fiquem bem e vibrem positivo. Beijos de luz!

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